Quando a liquidez dá lugar ao amorfismo social
- Gabriella de Souza e Souza
- 13 de ago. de 2021
- 2 min de leitura
Como estruturar uma sociedade em constante transição

“Fluidez” é a qualidade de líquidos e gases. (…) Os líquidos, diferentemente dos sólidos, não mantêm sua forma com facilidade. (…) Os fluidos se movem facilmente. Eles “fluem”, “escorrem”, “esvaem-se” (Zygmunt Bauman)
A filosofia que nasce a partir da análise das relações modernas garante a este pensamento a denominação de Relacionamentos Líquidos, no entanto, ao que mostra a realidade, a sociedade tem se moldado cada vez mais em função da tecnologia e, consequentemente, se separado do antigo modo analógico de ser, estar, viver e se relacionar.
Pensar a modernidade nos tempos atuais é pensar em como as relações se moldaram através da tecnologia. Essa, por sua vez, faz parte da vida social e não deveria ser analisada como uma forma-causa capaz de tornar líquidos os laços de afeto. Esta análise engessa o olhar através de uma lógica saudosa de se pensar certos vínculos afetivos.
Em contrapartida, por que não pensar a sociedade analisando as relações intermediadas pela tecnologia?
Sem a carga negativa da “liquidez” e sem o saudosismo das antigas relações, como pensar a nova forma de conviver?
Na engenharia Civil (e também na química) quando se estuda a resistência dos materiais, um termo bastante utilizado é o “Amorfo”. Para além dos estados líquido, gasoso e sólido, o estado amorfo é uma quarta forma de caracterizar um material em seu estado físico.
“O amorfo está relacionado com a ausência de estruturas periódicas e ordenadas dos iões ou dos átomos. Neste sentido, existem sólidos amorfos como o vidro: as suas moléculas não apresentam uma disposição regular. (...) As amebas, por outro lado, são microrganismos amorfos. Este protista unicelular não tem paredes celulares, uma particularidade que faz que a sua forma evolua constantemente e não seja estável.”
Se a sociedade e suas relações deixaram sua forma “sólida” e assumiram a “liquidez” levantada por Bauman, talvez o momento agora seja de aceitar a tecnologia e suas intermediações como uma nova forma do fazer social. Não mais sólida, nem líquida. Teríamos, portanto uma sociedade amorfa.
REFERÊNCIAS
BAUMAN, Zygmunt. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003. p. 7 a 24
ECHEVERRÍA, Agustina Rosa. Transição vítrea: Uma abordagem para o Ensino Médio. Química Nova na Escola. Goiás, n. 20, p. 21 a 25, nov. de 2004. Disponível em: http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc20/v20a04.pdf. Acesso em: 26 de jul. de 2021.
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