Indivíduo e Sociedade: a interdependência
- Gabriella de Souza e Souza
- 22 de jul. de 2021
- 2 min de leitura
É preciso pensar o indivíduo para entender a sociedade. Ou seria o contrário?

Antes de iniciar esta discussão é importante entender os conceitos de indivíduo e sociedade.
Para muitos, é difícil explicar o que é sociedade. E, de fato, como entender algo que guarda tanta complexidade na simples afirmação “é um conjunto de pessoas que vivem de forma organizada” ? Parece estranho.
Para Norbert Elias, sociedade e indivíduo são termos que, embora difiram em definição, não podem ser dissociados um do outro à medida em que o indivíduo molda a sociedade e, ao mesmo tempo, é moldado por ela.
Nessa perspectiva, a tese sobre o processo civilizador permite ultrapassar o princípio que sustenta que os indivíduos são entidades fechadas e autônomas. Em relação ao indivíduo e à coletividade, nenhum desses termos deve ser considerado completo, mas em constante processo de transformação.
Como na citação acima, além de indissociáveis, a sociedade e o indivíduo são conceitos que não apresentam definição perfeita. O indivíduo dotado de inteligência se torna mutável e isso faz com que a sociedade apresente essa mesma característica.
Eu sou porque nós somos
Em uma relação parte-todo, os conceitos Sociedade e Indivíduo andam de mãos dadas em diferentes comunidades ao redor do mundo. Um conceito que pode ser trazido para explanar essa discussão é o Ubuntu.
De origem no idioma kibundu e sem tradução literal para o português, Ubuntu é uma filosofia que traz a conexão entre a existência de seres como uma premissa básica para o convívio social. “Minha existência está conectada a existência do outro” é a grande síntese dessa filosofia.
A filosofia Ubuntu sinaliza que as existências humanas estão interconectadas, portanto, a condição humana é uma existência coletiva.
Com essa afirmação do professor de Jornalismo, Informação e Sociedade da Universidade de São Paulo (USP) Dennis Oliveira e com a concepção de Norbert Elias de que os indivíduos não são entidades fechadas e autônomas, concluo este blogpost respondendo - ou melhor, tentando responder - a questão que abriu essa discussão: É pensando o indivíduo que se entende a sociedade ou é preciso fazer o caminho contrário?
Diante das perspectivas apresentadas, o que se compreende sobre indivíduo e sociedade é justamente a relação que liga estes dois polos. Para entender um ou o outro, não se deve nutrir um olhar procurando elementos díspares. Ao contrário, deve-se observar o que une esses dois conceitos: as relações sociais.
Ao observá-las é possível testemunhar a fusão que define e materializa a conexão sujeito-coletividade. E assim, sem determinar um caminho a ser percorrido, a ideia que prevalece é de que nós, indivíduos, não fazemos parte da sociedade, nós somos a sociedade.
REFERÊNCIAS
NORBERT, Elias. A Sociedade dos Indivíduos (1939) In: A Sociedade dos Indivíduos. Rio de Janeiro: Zahar, 1994 (tópico I e II), p. 12 a 26
UBUNTU: uma ética africana para repensar a sociedade brasileira. Portal Geledés. 06 de fev. de 2016. Disponível em: https://www.geledes.org.br/ubuntu-uma-etica-africana-para-repensar-a-sociedade-brasileira/ . Acesso em: 15 de jul. de 2021
COSTA, André Oliveira. Norbert Elias e a configuração: um conceito interdisciplinar. 19 de jun. de 2017. Disponível em: http://journals.openedition.org/configuracoes/3947 . Acesso em: 16 de jul. de 2021
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